Monção

O concelho de Monção, do distrito de Viana do Castelo, localiza-se na margem esquerda do rio Minho que estabelece a fronteira com Espanha a norte. Encontra-se rodeado pelo concelho de Melgaço a nascente, por Arcos de Valdevez a sul e por Valença e Paredes de Coura a poente e sudoeste, respectivamente. Em 2001, o concelho apresentava 19957 habitantes.

Dista cerca de 110 km para nordeste da cidade do Porto, cobrindo uma área de 211,2 km2, por onde se distribuem 33 freguesias. O concelho de Monção tem uma área de 206 km2, confina a Norte com a Galiza, a Este com Melgaço, a Sul com Arcos de Valdevez, a Oeste com Valença e a Sudoeste com Paredes de Coura. Dista 120 km do Porto, 70 km de Viana do Castelo e Braga, 35 km de Vigo e a 32 km da fronteira de S. Gregório, podendo encontrar em qualquer um dos trajectos óptimas vias de comunicação . Monção apresenta uma situação geográfica invejável, terras ferteis bem irrigadas pelos rios Minho, Gadanha e Mouro, aptas para a produção do milho e vinha. Deste modo, não é de estranhar o enorme peso da agricultura principalmente na produção do famoso Vinho Alvarinho.

O Concelho de Monção situa-se no limite norte de Portugal, inserindo-se na região do Alto Minho juntamente com mais nove municípios. Estabelece fronteira com a Galiza (Espanha), através do Rio Minho, confinando com os concelhos de Arcos de Valdevez, Melgaço, Paredes de Coura, e Valença. Para fins administrativos e estatísticos, o Concelho de Monção pertence à Região Norte de Portugal, enquadrando-se na sub-região do Minho-Lima, compreendendo 33 freguesias ao longo de uma superfície territorial de cerca de 211 km2. Servido por óptimas vias de comunicação, está localizado a sensivelmente 120 km do Porto, 70 km de Viana do Castelo e Braga, 35 km de Vigo e 32 km da fronteira de S. Gregório.

Com 33 freguesias, dispersas pela sede do concelho e freguesias envolventes e pelas áreas geográficas do Vale do Gadanha e do Vale do Mouro, o Concelho de Monção tem muito para oferecer para quem nos visita e pretende passar um tempo agradável na Terra de Deu-la-Deu, Alvarinho e Termas. À história ancestral e identidade endógena, juntamos as muralhas fernandinas rodeadas de paisagens deslumbrantes, as ruelas do casco urbano, sempre asseadas e com as varandas coloridas, uma gastronomia apaladada que faz as delicias dos comensais e a hospitalidade e generosidade de um povo que gosta e sabe receber.

A Festa do Corpo de Deus (festas municipais) motivam um grande interesse em todo o concelho.

Tal como na Idade Média, seguem em cortejo o Boi Bento, de cornos envernizados e enfeitados de flores e fitas, o Carro das Ervas, engalanado de verdura e cheio de anjinhos, S. Jorge, fulgurante cavaleiro medieval e, a Coca, monstro que simboliza o mal. Depois da procissão, S. Jorge defronta a Coca num renhido torneio, cujas peripécias entusiasmam a multidão.
Os lugares de montanha assemelham-se a imensos e belos jardins recortados pelo serpentear tranquilo dos rios Mouro e Gadanha, deslizando por vales profundos e generosos em direcção ao rio Minho. Passear por estes lugares é um regalo para o olhar e um descanso para a alma. O nosso património, as casas apalaçadas, o turismo rural, o legado dos nossos antepassados que teimamos em preservar, a alegria genuína das nossas gentes e o pulsar das colectividades.
Fonte: http://www.cm-moncao.pt/portal/page/moncao/portal_municipal

História

Monção teve carta de foral de D.Afonso III datada de 12 de Maço de 1261.

Tornou-se célebre no decurso das guerras fernandinas, devido à enérgica acção de Deu-la-deu Martins, esposa do alcaide local, que conseguiu pôr fim ao cerco que os csatelhanos lhe impuseram, atirando-lhes com os seus últimos víveres. É esse o motivo pelo qual ainda hoje aparece, nas armas desta vila, uma mulher a meio corpo, em cima de uma torre, brandindo com um pão em cada uma das mãos; à sua volta surge, numa bordadura, a divisa da vila, corruptela do nome da heroína: «Deus o deu, Deus o há dado». Gil Vasques Bacelar I, marido de D. Sancha Pires de Abreu foi Governador e alcaide-mor desta vila.

Fonte: wikipédia

João verde, um poeta da raia

Vendo-os assim tão pertinho,

a Galiza mail’ o Minho,

são como dois namorados

que o rio traz separados

quasi desde o nascimento.

Deixal-os, pois, namorar

já que os paes para casar

lhes não dão consentimento

(João Verde)

Galiza mail´o Minho / são como dois namorados lembram dois versos imortais, mil vezes repetidos, que preservam para a posteridade o nome do poeta monçanense João Verde, autor de “Ares da Raia”.

Mas quem era este João Verde?

José Rodrigues Vale, que usaria literariamente o pseudónimo de João Verde nasceu, em Monção em 2 de Novembro de 1866.

Aí, depois de fazer a instrução primária, frequentou aulas de Latim e Francês, fazendo depois os respectivos exames no Liceu de Braga, o que certamente lhe permitiu desde muito jovem dar os primeiros passos no campo das Letras, escrevendo para os jornais locais, revelando um estro invulgar.

Foi praticante de farmácia em Monção, no Porto e depois em Viana do Castelo, onde se tornou redactor de “A Aurora do Lima”, hoje um dos decanos da imprensa periódica portuguesa.

No Porto publicou o seu primeiro livro de versos “Musa minhota” (1887), reíncidindo em Viana com “N’aldeia” (1890).

Em 1891 regressou à terra natal, para desempenhar o cargo de secretário da Câmara Municipal, aqui vivendo até ao seu passamento.

Os jornais monçanenses dos finais do séc. XIX, início do séc. XX (“Deuladeu”, “Monsanense”, “Independente”, “Alto Minho”, “Povo de Monção” e “A Terra Minhota”) recolhem assídua e variada colaboração de João Verde, tanto em verso como em prosa. Em 1901 fundou “O Regional”, que se publicou até 1918, um dos mais interessantes órgãos da imprensa local, verdadeiro repositório da vida e história da vila raiana nos seus mais diversos aspectos (sendo de destacar os históricos) e que contou com a colaboração de nomes reputados da intelectualidade minhota do tempo.

O jornal era feito em grande parte por João Verde, que escrevia sob os mais variados pseudónimos versos e pequenos contos, crónicas do quotidiano, apontamentos políticos e sociais e notas etnográficas.

Em 1902 publicou o seu terceiro e mais aclamado livro, “Ares da Raia”, impresso na tipografia de Eugénio Krapf, de Vigo, que tem como pórtico os versos com que iniciamos este texto e são reproduzidos em caixa.

Como diz o seu biógrafo Gentil de Valadares, a Galiza constituía para João Verde desde a infância um refúgio muito do seu agrado, sempre novo e apetecido.

Como sucede com todos os raianos, o rio Minho desde tempos imemoriais une mais do que separa, e a língua de matriz comum ajuda a estreitar os contactos.

Na companhia de Guerra Junqueiro, poeta de nome feito que vivia então em Viana, J. Verde contactou com grandes nomes da literatura galega, que vinha seguindo apaixonadamente, desde Francisco Añon, Rosália de Castro, Curros Enriques, o meu grande preferido…

No artigo de “O Regional” (9.3.1902) que venho citando escreveu ainda João Verde: A Galiza… Foi ela, está-me parecendo, a minha madrinha literária, pois me embalaram desde Añon até Curros, com intermitências de Pozada, Ferrero e tantos outros, não falando nessa suprema alma lírica galega de Rosália de Castro, que foi e será eternamente a sublime cantora das campinas galegas.

Em “Ares da Raia” é evidente essa estreita ligação, essa paixão intensa pela língua e cultura galegas, expressa nas epígrafes e dedicatórias, na temática de muitos versos e até em dois poemas escritos em galego.

Finalmente em 1932, no “Anuário do Distrito de Viana do Castelo” escreve uma arrebatada “Carta à xente galícia”, que merecia ser mais conhecida, na qual, depois de dizer enquanto o mundo for mundo, o que é que nos separará? se proclama um defensor da identidade de língua galega: eu veño apretarvos unecamente a man de bôs compañeiros… E veño faquel’o nas pobriñas verbas do meu pobriño saber do lenguaxe da nosa nai comum que é isa adorabre Galiza, lenguaxe q’aprendin malamente dend’os precursores hast’os arautos do rexurdimento, ises cavaleiros que irguen o estandarte grorioso da Patrea, ises pregoneiros que nas catro províncias formam a ála dos namorados da Fala.

João Verde faleceu há 70 anos, mas o seu nome não é esquecido em Monção que lhe ergueu num revelim da muralha que faceia o Minho, um busto em bronze e na Alameda dos Neris um padrão onde em azulejos pintados é perpetuada a oitava que todos conhecem e que venho referindo. O futuro centro cultural terá também o nome de João Verde.

A Câmara Municipal reeditou duas vezes os “Ares da Raia” e em 2001 reuniu num só volume a sua “Obra poética” que inclui os 3 livros que J. Verde publicou, com edição literária do Departamento de Humanidades da Escola Secundária de Monção.

Mas muitos dos seus versos estão perdidos nas páginas dos inúmeros jornais e revistas minhotas, em que colaborou, merecendo ser recolhidos e publicados, bem como abundantes textos em prosa, que ele pretendia reunir no “Jornal dum minhoto” (projecto que não chegou a concretizar), justificavam a sua organização em livro que certamente muito honraria Monção, o Minho e a Galiza e constituiria uma inesperada revelação para os defensores da identidade galaico-minhota.

Henrique Barreto Nunes

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